Refluxo Gastroesofágico e Colite Alérgica: como estabelecer o diagnóstico diferencial
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Nos primeiros 6 meses de vida, quando o lactente praticamente se alimenta apenas com leite, seja por meio do aleitamento natural (deve sempre ser a escolha preferencial) ou aleitamento artificial (fórmulas lácteas ou de soja – não é recomendável leite “in natura”), as manifestações clínicas de colite alérgica (quando não há sangramento retal visível) e refluxo gastroesofágico podem ser muito semelhantes, e, assim trazer grande dificuldade para o diagnóstico diferencial, o que consequentemente irá causar dúvidas quanto à escolha do tratamento a ser seguido, posto que as condutas terapêuticas são totalmente diferentes.
Regurgitações frequentes, especialmente após a alimentação, acompanhadas de choro com grande irritabilidade, podem ser manifestações comuns à colica, o que neste caso deve-se à inflamação do intestino grosso (colite) (Figura 1), e à pirose (nome técnico para asia), que ocorre quando o conteúdo gástrico que é ácido entra em contato com a mucosa do esôfago, provocando inflamação do mesmo (esofagite).
No caso de esofagite em decorrência do refluxo gastroesofágico é importante salientar que nesta fase da vida, na grande maioria dos casos, não houve ainda tempo suficiente para ocorrer uma lesão inflamatória suficientemente grave para provocar sintomas tão intensos. De qualquer forma se esta for a suspeita principal será necessário comprová-la por meio da endoscopia digestiva alta, procedimento seguro, simples e rotineiro nos dias atuais com os avanços tecnológicos existentes, os excelentes profissionais disponíveis e os novos fármacos para sedação associados a controles dos sinais vitais altamente confiáveis.
No entanto, se história clínica revelar que o lactente tem fome, deseja mamar, inicia o ato de amamentação e durante este processo começa a apresentar grande incômodo, com choro e irritabilidade, rechaço ao seio materno ou à mamadeira, mesmo que ocorra algum episódio de regurgitação a hipótese diagnóstica mais provavel é de colite alérgica. Neste caso o procedimento mais indicado é a realização de biópsia retal para demonstrar a existência de um processo inflamatório da mucosa do colon associado à presença de um número significativamente aumentado de eosinófilos, que podem estar presentes desde o epitélio até as camadas mais profundas do tecido colônico. Aqui, também, este procedimento (biópsia retal) é extremamente simples e seguro não necessitando qualquer tipo de sedação, podendo ser realizado no próprio consultório.